domingo, 29 de maio de 2011

Cena - Pulp Fiction

Recentemente, assisti a um dos meus filmes favoritos mais uma vez: Pulp Fiction, do mestre Quentin Tarantino. Em uma das melhores cenas do filme, há alguns detalhes que achei interessantes e resolvi comentar eles aqui no blog.
Enfim, a cena é aquela na qual Vincent Veja (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) vão até o apartamento de Brett (Frank Whaley) para pegar a maleta de Marsellus Wallace (Ving Rhames). A cena conta com o grande discurso “Ezequiel 25:17”.
Alguns detalhes que ressaltei são coisas óbvias que são percebidas assistindo ao filme uma vez só, mas ainda assim não podem ser ignoradas.
(00:45) - Jules toca no assunto com Brett (“You remember your business partner Marsellus Wallace, don't you, Brett?”). Nesse momento, Vincent vai para o fundo da sala. Ele fica lá aparentemente sem fazer nada, mas se olharmos a cena com uma visão de cima, Vincent e Jules fecham a área em que estão Brett e seu amigo, Roger (veja o desenho ao lado). Como Marvin é um conhecido de Jules (descobrimos isso mais tarde), ele fica fora da “linha de tiro”.
(00:49) - Aqui há três detalhes. 1º) Como eu disse, Marvin é um conhecido de Jules, além de ser amigo de Brett. Tarantino coloca o garoto entre Jules e Brett, mostrando a imparcialidade na qual ele se encontra. 2º) Tarantino filma essa cena em ângulo baixo, engrandecendo Jules, personagem que está “comandando” o momento. 3º) Tarantino mostra o teto. Geralmente, quando um diretor faz isso, ele quer mostrar que o ambiente é claustrofóbico. Isso Brett e Roger estão sentindo na pele. E reparem que o teto está aparecendo só um pouco, algo que vai mudar mais tarde.
(02:30) – Jules bebe todo o refrigerante de Brett, algo que serve não só como um “Dane-se” para o garoto como também mostra que Jules não está nem aí para ele. Ou seja, ele o matará sem hesitar.
(03:00) – Marvin tenta ajudar os amigos, mas como ele não tem nada a ver com o assunto, Jules grita com ele (“I don't remember askin' you a Goddamn thing!”) e manda um olhar do tipo “Fica na sua!”.
(03:13) – A reação de Brett quando Roger diz onde está a maleta é do tipo “Agora acabou. Nós vamos morrer!”. Ele ainda olha rapidamente para o amigo provavelmente pensando “Por que você não ficou quieto?”.
(03:52) – Agora que já tem em mãos o que foi buscar, Vincent fuma o seu cigarro tranquilamente, esperando o momento de “atacar”.
(04:05) – Brett se levanta para conversar, mas Jules faz sinal para ele se sentar, já que quem está no comando não é o garoto.
(04:46) – Depois que Jules mata Roger, Tarantino mostra o teto muito mais do antes. E Jules também aparece muito maior. Agora o ambiente é muito mais do que claustrofóbico para o pobre Brett, que está apavorado.
Espero que tenham gostado dos detalhes tanto quanto eu.

sábado, 28 de maio de 2011

Se Beber, Não Case! Parte 2

Se Beber, Não Case! é um filme divertido, com personagens bacanas e situações hilárias. Com seu grande e inesperado sucesso, era óbvio que uma sequência seria feita. Se Beber, Não Case! Parte 2 ultrapassa qualquer limite e consegue ser ainda mais viajante, mas não de um jeito tão divertido como no primeiro filme.
Dessa vez, Phil, Alan, Stu e Doug vão até a Tailândia para o casamento de Stu e sua noiva, Lauren. Depois de uma noite de bebedeira (é claro!), o grupo acorda em um hotel de Bangcoc sem lembrar de nada do que aconteceu e, para piorar, Teddy, o irmão da noiva, desapareceu. Eles seguem todas as pistas possíveis para tentar encontrar o garoto, enquanto que Doug, o noivo do primeiro filme, os ajuda via celular, já que ele saiu mais cedo da noitada.
Se Beber, Não Case! Parte 2 é muito parecido com o primeiro filme. Começa com Phil ligando para Tracy, a esposa de Doug, admitindo que o grupo estragou tudo o que estava planejado. Essa semelhança pode ser considerada como um furo no roteiro. Por que Phil liga para Tracy e não para Lauren? A resposta pode ser essa: para fazer um filme mais próximo do antecessor. As outras semelhanças vão desde um substituto para o bebê até reviravoltas quase idênticas.
Em certos momentos, a direção de Todd Phillips acaba sendo exagerada e sem graça. O diretor não investe só nas reações dos personagens, mas também nos motivos pelos quais essas reações acontecem. Exemplo disso é quando Stu descobre algo que fez na noite de loucuras. A reação dele já é engraçada, mas ao mostrar muito mais do que deveria, Phillips acaba tirando a graça da cena. O flashback que mostra os personagens como crianças também é algo desnecessário. Phillips acerta nas sequências de ação, que são muito boas e divertidas (a perseguição de carro é hilária).
Ainda que seja parecido com o do primeiro filme, o roteiro escrito pelo próprio diretor, em parceria com Scot Armstrong e Craig Mazin, é bem sucedido em deixar os personagens completamente desesperados. Tendo noção de que podem ter feito a mesma coisa que fizeram em Las Vegas, eles vão para os lugares mais óbvios para tentar encontrar Teddy, e quando não o encontram ficam sem saber o que fazer.
Bradley Cooper continua sendo o líder do “bando de lobos” e tem algumas das melhores piadas do filme. Ed Helms faz rir sempre que se entrega aos exageros gritando pelas ruas, algo que acontece pouco. Zach Galifianakis não consegue divertir tanto quanto conseguiu no primeiro Se Beber, Não Case! e em Um Parto de Viagem. Isso porque o roteiro transforma Alan em um personagem irritante em certos momentos. E o Mr. Chow de Ken Jeong ganha mais espaço, mas acaba sendo desperdiçado.
Se Beber, Não Case! Parte 2 rende algumas boas risadas, mas nada que supere o primeiro filme.
Cotação:

domingo, 22 de maio de 2011

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

Três é o suficiente. Isso foi o que conclui ao final de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas. Durante os três primeiros filmes da franquia, fomos apresentados a personagens interessantes, batalhas impressionantes e belos duelos de espada. Todos esses elementos eram envolvidos em grandes histórias muito bem contadas. Dito isso, esta quarta parte é decepcionante, pecando em quase todos os elementos citados.
Em Piratas do Caribe 4, Jack Sparrow está em busca da Fonte da Juventude, jornada que começou no final do terceiro filme. No caminho, ele encontra velhos conhecidos com o mesmo objetivo, entre eles estão Angelica (Penélope Cruz), seu amor do passado, e o perigoso Barba Negra (Ian McShane).
Os erros de Piratas do Caribe 4 começam pela mudança na cadeira de direção: saiu Gore Verbinski, entrou Rob Marshall (responsável pelos musicais Chicago e Nine). A falta de experiência de Marshall em filmes de aventura fica evidente desde o início. As cenas de ação são fracas, quase todas mostrando Jack fazendo a maior bagunça, algo não muito comum do personagem. Nenhuma delas se compara a uma luta no meio de um tufão ou a um duelo de espadas em uma roda gigante, mostrando que o diretor não tem uma imaginação como a de Verbinski. Marshall acerta apenas em uma cena, quando as cordas do barco de Barba Negra atacam a tripulação.
O roteiro de Ted Elliot e Terry Rossio, sugerido pelo livro “On Stranger Tides”, de Tim Powers, também não é bom. Os roteiristas pouco se preocupam em desenvolver os novos personagens e ainda falham nas gags (responsáveis por grande parte do divertimento da franquia), sendo poucos os momentos engraçados no filme. Elliot e Rossio ainda investem em um romance chato entre a sereia Syrena e o religioso Philip, enfraquecendo muito a narrativa.
O filme tem seus bons momentos. Além do ataque das cordas, as cenas em que Jack e Barbossa se encontram são divertidas, mas não por causa do roteiro, e sim pela já conhecida rivalidade que existe entre os dois e que foi estabelecida ao longo da trilogia. É uma pena que eles se encontrem tão pouco ao longo do filme.
A trilha sonora do sempre ótimo Hans Zimmer também se destaca, ganhando belos toques de flamenco. Mas Rob Marshall parece não saber como usá-la. O diretor a coloca durante todo o filme e em certos momentos ela nem combina com a cena que é mostrada. Por exemplo, a fuga de Jack no palácio logo no início do filme. É uma fuga atrapalhada com a trilha principal tocando a todo vapor, e não em um tom cômico como poderia ser.
Já estamos acostumados a ver Johnny Depp como Jack Sparrow, um personagem que ele já sabe como interpretar. Os poucos momentos divertidos do filme são protagonizados por ele. Penélope Cruz faz o possível com Angelica, uma personagem tão antipática que acaba se tornando desinteressante. Ian McShaine consegue mostrar que Barba Negra é mal, mas o roteiro dá muito pouco espaço para que ele possa por em prática toda a sua maleficência. E Geoffrey Rush interpreta Barbossa da mesma forma de sempre, mas sem aquele ar de liderança que caracterizava o personagem (algo que também deve ser colocado na conta do roteiro).
Quando uma franquia como Piratas do Caribe é forçadamente prolongada, tendo quatro filmes em menos de dez anos, as chances de o resultado ser bom são pequenas. Isso porque não há mais nenhum cuidado em fazer um bom filme, mas há um cuidado muito grande para transformá-lo em um sucesso financeiro. É claro que às vezes temos um Pânico 4 e um Rocky Balboa, mas também temos um Velozes e Furiosos 5 e um X-Men Origens: Wolverine. E já que os dois primeiros filmes que citei foram lançados depois de um longo período, espero que Piratas do Caribe 5 estreie daqui uns dez anos. O Capitão Jack Sparrow precisa descansar.
Obs.: Há uma cena depois dos créditos finais.
Cotação:

domingo, 15 de maio de 2011

Padre

Nos últimos anos, com o sucesso da “saga” Crepúsculo, Hollywood voltou a investir pesado nos vampiros. Infelizmente não tem conseguido muito êxito, com a maioria dos filmes sendo de baixa qualidade. E Padre é mais um tropeço para a coleção.
Baseado na graphic novel de Min-Woo Hyung, Padre mostra um mundo pós-apocalíptico no qual os humanos estão em constante guerra com os vampiros. As pessoas se refugiam em uma cidade isolada, bem protegida e controlada pela Igreja. Os Padres eram guerreiros que lutaram contra os vampiros, mas agora vivem escondidos. Nisso, um Padre (Paul Bettany) desobedece as ordens da Igreja para ir atrás de sua sobrinha (Lily Collins) que foi sequestrada pelas criaturas da noite.
O diretor Scott Charles Stewart (o mesmo do filme Legião, que não assisti) começa o filme dando a impressão de que vai fazer um bom trabalho. Logo no início, ele coloca uma bela animação explicando a guerra entre humanos e vampiros. Mas dali para frente o diretor demonstra estar muito mais preocupado em mostrar que os Padres são “os caras”. Em todas as cenas de ação, ele inclui momentos em slow motion à lá Zack Snyder. Mas diferente de Snyder, que usa o recurso para dar um tom mais bacana e impactante para as cenas (com exceção de Sucker Punch), Stewart simplesmente joga os efeitos na tela sem qualquer cuidado.
O roteiro escrito pelo estreante Cory Goodman é fraco, tendo até mesmo alguns momentos ridículos, como uma conversa entre a Sacerdotisa (Maggie Q) e o xerife Hicks (Cam Gigandet) sobre sexo. As revelações e reviravoltas que ocorrem não têm impacto algum na trama. Para completar, o roteirista ainda tenta forçar um romance bobo entre o Padre e a Sacerdotisa, algo completamente desnecessário.
Nos aspectos técnicos, Padre não tem muita originalidade. O design de produção do filme, em se tratando da cidade que abriga as pessoas, faz lembrar muito a Los Angeles futurística de Blade Runner. Aliás, em certo momento há um plano geral da cidade que é quase idêntico ao que inicia o filme de Ridley Scott. Os seguidores dos vampiros, pessoas que desejam se tornar sanguessugas, são muito parecidos com as criaturas vistas em Eu Sou a Lenda. A fotografia de Don Burguess é um ponto positivo, já que investe muito nas sombras quando os cenários são mais escuros, fazendo um belo contraste com as cenas que se passam de dia.
O filme ganha mais alguns pontos na atuação de seu protagonista. Paul Bethany aparece sempre sério em cena, conseguindo nos passar a indignação do Padre com a Igreja. É interessante ver que ele quebra seus votos com a instituição mas nunca perde sua fé. Karl Urban também não decepciona, conseguindo fazer com que seu Black Hat seja um bom vilão. Maggie Q nunca consegue convencer como a Sacerdotisa, enquanto Cam Gigandet não tem muito o que fazer com Hicks. É curioso ver ele e Stephen Moyer interpretando humanos, já que os dois atores são conhecidos por interpretar vampiros.
Cada vez mais me surpreendo com a queda de qualidade dos filmes de vampiros. Gostaria de ter um a máquina do tempo para poder ver os lançamentos de filmes como Drácula, Entrevista Com o Vampiro, Os Garotos Perdidos. Esses parecem ter sido tempos muito bons.
Cotação:

domingo, 8 de maio de 2011

Velozes e Furiosos 5: Operação Rio

Esqueçam os carros tunados e as corridas eletrizantes. Os elementos que deixaram a franquia Velozes e Furiosos famosa ficaram em segundo plano neste Velozes e Furiosos 5: Operação Rio. Isso pode parecer um bom sinal de que o filme se concentrará muito mais nos seus personagens, mas o que se vê é uma trama pouco criativa e que quase não parece ser um filme de Velozes e Furiosos.
Refugiados no Rio de Janeiro, Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua turma se envolvem em um plano para tirar todo o dinheiro de Reyes (Joaquim de Almeida), um chefão do tráfico de drogas na cidade. Dom, com o auxílio de sua irmã Mia (Jordana Brewster) e do agora ex-policial Brian O’Conner (Paul Walker), reúne um grupo para ajudar no serviço. Enquanto isso, o agente Hobbs (Dwayne Johnson) vem para o Brasil para caçar e prender Toretto e seus cúmplices.
Velozes e Furiosos 5 começa exatamente onde a quarta parte da franquia terminou: Brian e Mia estavam prestes a ajudar Dominic a fugir da prisão. É claro que o plano dá certo, mas é impressionante o fato de Dom ter sido o único preso a fugir e nenhuma pessoa naquele ônibus morreu na “operação”, já que o acidente causado é bem grave.
O grupo reunido por Dom e Brian resgata personagens que apareceram no início da franquia, como Tej e Roman Pierce (Ludacris e Tyrese Gibson, respectivamente) de +Velozes +Furiosos, além de contar com figuras dos filmes recentes, como Han (Sung Kang) e Gisele (Gal Gadot). Isso acaba sendo legal porque todos são personagens interessantes. Além deles, Velozes e Furiosos 5 conta com o retorno de Vince (Matt Schulze), o amigo de Dom no primeiro filme. Mas o personagem é mergulhado no velho clichê do “amigo traíra” logo no início da história.
O roteiro de Chris Morgan não é muito inventivo, pois a trama é a mistura de dois ótimos filmes: Onze Homens e Um Segredo e Uma Saída de Mestre. Essa mistura impede que o filme seja uma chatice. Ver os personagens orquestrando todo o serviço é algo interessante de se ver. Mas o roteiro se concentra demais nessa parte, e por isso temos poucas cenas de ação. O humor tem alguns bons momentos, sendo a maioria deles protagonizada por Tej. O roteirista também consegue administrar bem o grande número de personagens, dando um bom espaço para cada um deles.
Velozes e Furiosos 5 peca em detalhes mais simples. Chega a ser engraçado ver os capangas de Reyes em ação. Não que eles sejam atrapalhados ou cômicos (na verdade, eles ameaçam muito mais do que o vilão principal), mas porque são claramente dublados por brasileiros. Em certo momento, um deles diz “Desgraçado”, mas a boca está dizendo algo completamente diferente: “Hijo de la p....”. Sim, pode-se perceber que o cara na verdade fala espanhol, tornando incrível o fato de o diretor Justin Lin falhar em detalhes como esse. Lin, assim como os outros dois diretores que passaram pela franquia (Rob Cohen e John Singleton), ainda tem a mania de fazer cortes durante as cenas de corrida para que os personagens possam falar alguma abobrinha do tipo: “Ah não, você não vai me passar hoje!”.
Vin Diesel tem uma atuação mediana interpretando o principal personagem de sua carreira. Na maioria das vezes que está em cena, Diesel aparece com os olhos meio fechados e uma fala mansa, dando a impressão de que Dom está sempre cansado. Seus melhores momentos são nas cenas de ação, quando ele parece acordar. Enquanto isso, Paul Walker e Jordana Brewster se mostram mais confortáveis em seus papéis. Já o acréscimo de Dwayne Johnson funciona apenas quando Hobbs bate de frente com Dom, já que o personagem não faz nada além de perseguir e lutar com o protagonista. E o português Joaquim de Almeida não tem muito o que fazer com um vilão desinteressante e que nunca demonstra ser uma ameaça.
Velozes e Furiosos 5 é mais uma prova de que uma história não consegue ser mais inventiva depois de um certo número de capítulos. E infelizmente, este texto vai contar com uma observação logo abaixo.
Obs.: Há uma cena durante os créditos finais. Será que os produtores não sabem o momento de parar?
Cotação: