sexta-feira, 16 de março de 2012

Personagens Marcantes - Hannibal Lecter

Em 2005, o American Film Institute (AFI) elegeu os cinquenta maiores vilões da história do cinema. Vários personagens, que são obrigação em qualquer lista de vilões, foram selecionados: Norman Bates (Anthony Perkins, em Psicose), Alex De Large (Malcolm McDowell, em Laranja Mecânica), Darth Vader (David Prowse/James Earl Jones, em Star Wars), Enfermeira Ratched (Louise Fletcher, em Um Estranho no Ninho). Mas nenhum deles conseguiu tirar o primeiro lugar do homenageado desta edição de Personagens Marcantes do Brazilian Movie Guy.
Poucos personagens são tão frios, cruéis, perigosos e carismáticos como o assassino canibal Dr. Hannibal Lecter, que foi interpretado por três atores diferentes: Brian Cox, que teve muito pouco espaço no mediano Dragão Vermelho de 1986, dirigido por Michael Mann; Anthony Hopkins, que o imortalizou na trilogia composta pela obra-prima O Silêncio dos Inocentes, o ótimo Hannibal e o excelente Dragão Vermelho; e Gaspard Ulliel, que tentou convencer como uma versão mais jovem de Hopkins, mas não se saiu muito bem no fraco Hannibal: A Origem do Mal.
Criado pelo autor Thomas Harris, Hannibal ficou conhecido por ajudar o FBI quando o departamento não conseguia avançar em suas investigações de assassinatos. Sendo um grande psiquiatra, Lecter entregaria de bandeja o perfil psicológico do assassino, o que poderia iluminar um caminho para que os agentes envolvidos pudessem encontra-lo e encerrar o caso. Em Dragão Vermelho, Will Graham recebe a ajuda de Lecter para capturar o assassino conhecido como Fada do Dente, e em O Silêncio dos Inocentes foi a vez de Clarice Starling e o caso de Buffalo Bill. Mas é durante esses auxílios que Lecter mostra ser ameaçador, já que ele pede em troca de seus serviços que os agentes falem um pouco sobre suas vidas e acabem admitindo o que são realmente (“Quid pro quo”, como ele diz em O Silêncio dos Inocentes). São embates psicológicos tensos, e um agente mais fraco que Will e Clarice provavelmente não aguentaria ficar dez segundos na presença do canibal.
Lecter encontrou em Anthony Hopkins seu intérprete perfeito, lhe rendendo um Oscar muito merecido. Hannibal tem falas carregadas que mostram toda sua inteligência, ao mesmo tempo que o retratam como um homem extremamente ameaçador. O fato de Hopkins impor um tom de voz mais fino e controladíssimo faz com que cada palavra saia de sua boca como um corte na pele das pessoas ao seu redor. Ele inclusive usa sua voz para fazer Miggs, um de seus companheiros de prisão, se matar.
Algo genial na composição do personagem é o que o diretor Jonathan Demme faz antes do primeiro encontro entre Hannibal e Clarice, em O Silêncio dos Inocentes. À medida que ela avança pelo corredor a fim de encontrar Lecter, Demme coloca em seu caminho vários presos absolutamente insanos, nos fazendo imaginar “Se eles são assim, imagine Hannibal Lecter”. Mas acabamos sendo surpreendidos ao ver que Hannibal é um homem calmo e educado, aparentemente inofensivo. Esse “revestimento” é exatamente o que faz o personagem ser tão carismático, e nos faz gostar dele mesmo sabendo que ele é um indivíduo perigosíssimo. E como podemos ver o nível de ameaça de Lecter? Sua cela é diferente das de seus companheiros, sendo feita de vidro revestido, com alguns buracos. Isso me faz pensar que é uma bela comparação com os lugares nos quais pequenos e perigosos animais (aranhas, cobras, etc.) são guardados.
O Dragão Vermelho de Michael Mann e o último filme, Hannibal: A Origem do Mal, podem ter marcado um início e um fim não muito interessantes para a história de Hannibal Lecter nos cinemas. Mas os três filmes que trazem Anthony Hopkins no papel deste monstro trataram de coloca-lo entre os personagens mais célebres que os cinéfilos já tiveram o prazer de ver. Sua presença em qualquer lista de “Melhores Vilões”, ou até mesmo de “Melhores Personagens”, é nada mais do que justa.

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