terça-feira, 1 de maio de 2012

Anjos da Lei

As séries de TV são uma grande fonte de histórias para o cinema. Nos últimos anos, tivemos adaptações de várias séries, desde Miami Vice até Esquadrão Classe A, passando por A Feiticeira e Agente 86, sem falar em clássicos como Os Intocáveis ou franquias como Missão Impossível e Jornada nas Estrelas. Este ano, três filmes trazem para o cinema histórias que se originaram na televisão: Sombras da Noite, Os Três Patetas e este Anjos da Lei, baseado na série da década de 1980 que lançou Johnny Depp ao estrelato. Devo dizer que não conheço muito bem o material original, mas o filme Anjos da Lei diverte bastante apesar de ser um tanto formuláico e previsível.
Escrito por Michael Bacall e com argumento feito por ele e pelo protagonista Jonah Hill, Anjos da Lei acompanha Schmidt (Hill) e Jenko (Channing Tatum), dois jovens que se encontravam em lados opostos no colégio. O primeiro era o nerd que não tinha amigos, enquanto que o segundo era o atleta popular. Coincidentemente, eles acabam se encontrando nos testes para a academia de polícia e, como as falhas de um são as qualidades do outro, os dois se tornam amigos. Por ainda parecerem jovens, Schmidt e Jenko são enviados para uma missão na qual devem se infiltrar em um colégio e descobrir quem está fornecendo uma nova droga que está se tornando febre entre os jovens. Surge então uma oportunidade para que os dois não cometam os mesmos erros do passado e possam ganhar o devido reconhecimento de seus colegas policiais.
O tom cômico do filme é estabelecido já nos primeiros minutos de projeção. Investindo em muitas gags envolvendo simulações de sexo e situações com os personagens, Anjos da Lei por vezes soa infantil, como a cena em que os protagonistas prendem um traficante no parque, mas de modo geral consegue arrancar boas risadas quando se concentra em seus personagens, como quando Schmidt e Jenko tentam forçar o vômito um do outro. Boa parte da graça do filme está no modo como os diretores Phil Lord e Chris Miller (responsáveis pela ótima animação Tá Chovendo Hambúrguer) brincam com a expectativa do espectador. Em certo momento, por exemplo, os diretores mostram os pés de várias pessoas em um banheiro, o que parece ser alguma orgia, mas que revela ser algo completamente diferente do que imaginamos.
Lord e Miller fazem sequências de ação bastante eficientes, incluindo perseguições de carros e tiroteios, e o roteiro não se esquece de tentar fazer algo engraçado nessas partes. Quando os protagonistas estão sendo perseguidos por uma gangue de motoqueiros, várias vezes uma explosão parece que vai ocorrer, mas isso acaba acontecendo apenas quando ninguém espera. O uso de câmera lenta também é uma constante nessas cenas, mas claramente parece ser uma sátira ao próprio recurso, tão usado em filmes de ação, às vezes, exageradamente.
O modo como ocorre o desenvolvimento dos personagens chama a atenção por mostrar Schmidt e Jenko trocando identidades e, literalmente, invertendo suas vidas no colégio. Se Schmidt começa a ficar popular entre os colegas, Jenko passa a andar com os nerds. Por um lado, é interessante ver os dois personagens aprendendo como o outro costumava ser e o quanto isso era bom ou ruim. Por outro, traz um conflito previsível entre a dupla e que é quase ignorado depois.
Mas esse, infelizmente, não é o único problema no roteiro de Anjos da Lei. O filme segue uma fórmula básica de histórias envolvendo uma dupla de policiais em uma missão. Ou seja, os protagonistas começam bem as investigações, mas mais tarde vão do céu ao inferno em poucos minutos (o pavoroso As Branquelas é um exemplo desse tipo de filme). Além disso, os diretores insistem em repetir os letreiros das fases pelas quais a droga faz as pessoas passarem (ataque de risos, cara de abobado, falsa confiança e uma loucura final), algo um tanto desnecessário.
A grande força do filme, no entanto, está nos dois protagonistas. Jonah Hill (recém-saído de sua indicação ao Oscar pelo ótimo O Homem Que Mudou o Jogo) e Channing Tatum além de estarem carismáticos em seus papéis, ainda criam uma bela química em cena. Seus personagens se completam e até por isso eles resolvem ser amigos. Individualmente, os dois conseguem fazer muito bem os tipos de seus personagens, sendo Hill o rapaz inseguro (que já interpretou em Superbad) e Tatum o valentão. Entre os coadjuvantes, Dave Franco (irmão de James) se sai razoavelmente bem como o traficante Eric, sendo apropriadamente chato. Mas é mesmo Ice Cube quem chega a roubar a cena interpretando o Capitão Dickson. Sempre irritado e fazendo analogias interessantes (“Vocês estão aqui por serem parecidos com Justin ‘Beaver’ e Miley Cyrus”), Cube consegue criar um personagem divertido, que manda os protagonistas se esforçarem ao máximo na missão.
Trazendo ainda divertidas participações de alguns atores da série original, Anjos da Lei consegue misturar comédia e ação eficientemente. E o mais importante é que consegue fazer isso sem esquecer que seus personagens são mais importantes do que as piadas.
Cotação:

Um comentário:

Clenio disse...

Eu curti bastante o filme, não esperava nada e me peguei dando risada em vários momentos. Apesar de não gostar do Jonah Hill reconheço que ele consegue uma ótima química com Channing Tatum - que como ator dramático é um cara muito bonito!!

Abraços
Clênio
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