terça-feira, 30 de abril de 2013

Homem de Ferro 3

O primeiro filme do Homem de Ferro foi uma surpresa na época de seu lançamento, iniciando com sucesso o grande projeto da Marvel Studios que culminou em Os Vingadores. Portanto, enquanto Joss Whedon desenvolve outra reunião da super equipe que fez sucesso em 2012, é até justo que aquela que está sendo chamada de Fase 2 do estúdio comece exatamente com mais um filme do herói playboy bilionário. Com Shane Black (criador da ótima franquia Máquina Mortífera e cujo último trabalho foi o excepcional Beijos e Tiros) tomando a cadeira de diretor que antes pertencia a Jon Favreau (que agora fica só com o papel de ator, interpretando o segurança Happy Hogan novamente), Homem de Ferro 3 tem seus problemas, mas é uma produção que entretém seu espectador, e boa parte disso se deve novamente a seu protagonista.
Escrito pelo próprio Shane Black em parceria com Drew Pearce, Homem de Ferro 3 mostra um Tony Stark (Robert Downey Jr.) abatido pelos eventos retratados em Os Vingadores. Tendo problemas para dormir, ele gasta a maior parte de seu tempo pensando em formas de proteger aqueles com quem se importa, especialmente Pepper Potts (Gwyneth Paltrow). Enquanto isso, uma nova ameaça surge na pele do Mandarim (Ben Kingsley), terrorista que está por trás de vários atentados a bomba pelo país. Ao mesmo tempo, Stark tem que lidar com Aldrich Killian (Guy Pearce) e Maya Hansen (Rebbeca Hall), figuras de seu passado que reaparecessem com uma tecnologia chamada Extremis, que cura qualquer deficiência física da pessoa que a utilizar.
Se nos filmes anteriores a paixão que Tony Stark parece sentir por si próprio ficava clara, em Homem de Ferro 3 não é diferente, e novamente isso resulta em cenas divertidas. Em um momento no início da projeção ele solta um “Eu sou demais!” e em outro ele basicamente se compara a Albert Einstein. Esse narcisismo é algo que sempre fez o personagem ser tão interessante, e Robert Downey Jr. mais uma vez encarna esse lado da personalidade do protagonista confortavelmente, emprestando seu carisma habitual (na verdade, o ator já consegue interpretar o personagem com as mãos atadas).
O roteiro procura fazer de Tony Stark uma figura um pouco mais vulnerável do que víamos nos outros filmes. O problema é que faz isso artificialmente, incluindo cenas em que ele tem pequenos ataques de ansiedade que às vezes chegam a acontecer do nada, e o aparente motivo por trás disso é mal explorado. Ainda assim, essa parte séria da história resulta em bons momentos, como quando o protagonista resolve ser honesto com Pepper e explicar o que está sentindo. Aliás, quando o personagem mostra o carinho que sente pelas pessoas ao seu redor, ele se torna uma figura ainda mais fácil de simpatizar (ele inclusive mostra conhecer bem os gostos pessoais de Happy Hogan).
Comandando sua primeira superprodução, Shane Black faz um bom trabalho ao impor tensão nas sequências de ação (como o resgate em um avião ou a luta entre Stark e uma agente enviada por Mandarim), o que até compensa o fato de a geografia das cenas nem sempre ficar muito clara. Vale dizer também que em algumas dessas sequências, o diretor coloca o protagonista e seu amigo James Rhodes (interpretado por Don Cheadle) lutando sem armaduras, o que os deixam com uma desvantagem interessante em alguns combates. E é impossível não destacar o trabalho da equipe de efeitos visuais, que faz coisas de tirar o fôlego ao longo do filme, como a destruição da casa de Stark.
O cineasta ainda consegue fazer toda a investigação com relação aos ataques do Mandarim ser algo envolvente, arranjando tempo para desenvolver com certo sucesso a relação entre o protagonista e Harley (interpretado com carisma por Ty Simpkins), garoto que passa a ajuda-lo em determinado momento. No entanto, o diretor não chega a dar um tom de urgência ao filme, o que impede que temamos pelo destino dos personagens, mesmo quando algo aparentemente grave acontece com um deles no terceiro ato, em uma cena que infelizmente não tem impacto algum. Além disso, algumas gags ficam muito repetitivas ao longo da história, como a inclusão de um relógio incomum usado por Stark.
Se Robert Downey Jr. aparece muito bem no papel que o transformou em astro absoluto, o mesmo não pode ser dito sobre outros membros de um elenco que tem seus altos e baixos. Enquanto Gwyneth Paltrow surge simpática na pele de Pepper Potts, Don Cheadle tem seu James Rhodes transformado em uma espécie de alívio cômico (como se o filme já não tivesse comicidade o bastante). Já Guy Pearce faz o possível com seu Aldrich Killian, vilão que não deixa de ser meio clichê, sendo alguém que foi ignorado no passado e volta para um acerto de contas, ao passo que a talentosa Rebecca Hall é desperdiçada, já que Maya Hansen aparece meio perdida na trama, podendo ter sido descartada pelo roteiro e suas ações poderiam ser executadas por outro personagem. Finalmente, Ben Kingsley transpira ameaça interpretando o Mandarim (pelo menos até a hora de ele protagonizar uma reviravolta surpreendente e divertida, cujo propósito na história é no mínimo curioso).
No geral, Homem de Ferro 3 não chega a ser um grande filme, mas é um fechamento interessante para essa trilogia do personagem e um início razoável para a nova fase da Marvel nos cinemas. Os créditos finais já avisam que Tony Stark retornará, e fica a esperança para que ele ao menos continue divertindo com suas aventuras.
Obs.: Como de costume nos filmes atuais da Marvel, há uma cena após os créditos finais.
Cotação:

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