segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O Ataque

Representando um retorno do diretor alemão Roland Emmerich a superproduções depois de ele ter comandado o thriller de época Anônimo, este O Ataque tenta ser um filme que segue o estilo de Duro de Matar, tendo como cenário a famosa Casa Branca, exatamente como ocorria em Invasão à Casa Branca, de Antoine Fuqua, lançado nos cinemas há alguns meses. Na verdade, se esses dois projetos não tivessem sido desenvolvidos ao mesmo tempo, talvez pudesse existir até uma acusação de plágio. Mas Emmerich não consegue fazer com que seu filme seja mais interessante que o de Fuqua, deixando-o no mesmo nível de seu fraco “irmão gêmeo”.
Escrito por James Vanderbilt (sim, apenas um roteirista, algo cada vez mais raro em superproduções), O Ataque nos apresenta a John Cale (Channing Tatum), um segurança do Capitólio que deseja entrar para a equipe que protege o presidente James Sawyer (Jamie Foxx), já que assim ele talvez consiga impressionar sua filha, Emily (Joey King), com quem não tem um grande relacionamento. Depois de ter o emprego negado na entrevista com sua velha conhecida Carol Finnerty (Maggie Gyllenhaal), John decide fazer um tour pela Casa Branca ao lado de Emily, mas vê o local ser invadido por terroristas que pretendem usar o presidente em planos que podem colocar em risco as relações internacionais do país. John consegue fugir do grupo, e dessa forma acaba se tornando a única esperança para salvar não só os reféns, o que inclui sua filha, mas também o presidente, com quem se une para estragar os planos dos vilões.
Os problemas de O Ataque começam pelo roteiro óbvio demais, trazendo uma trama bastante formuláica e incluindo reviravoltas previsíveis ao longo da projeção, como por exemplo, aquela envolvendo a identidade do vilão principal (que ocorre no início do segundo ato). Além disso, o filme segue clichês irritantes, como quando Emily surge chamando seu pai de “John” (pelo visto não houve outra maneira de destacar o relacionamento distante deles) ou o detalhe de um personagem levar um tiro, mas ser salvo por um objeto que tinha guardado. E vale dizer ainda que O Ataque praticamente copia algumas coisas de Duro de Matar, como ao colocar um dos capangas se irritando com a perda de um companheiro e querendo o sangue do protagonista, ou ao fazer certos personagens que estão do lado de fora da Casa Branca agirem de maneira estúpida, chegando a ponto de ignorar as informações que John passa para eles.
Roland Emmerich dirige o filme da mesma forma explosiva com a qual estamos acostumados (afinal, estamos falando do diretor de Independence Day, O Dia Depois de Amanhã e 2012). No entanto, ele não chega a fazer com que as sequências de ação sejam interessantes, sendo que em determinados momentos ele mal consegue deixar clara a geografia delas (como na grande cena de perseguição no jardim da Casa Branca), impedindo que o espectador se envolva com o que vê na tela. E por o roteiro investir bastante em momentos mais cômicos (e que nem sempre funcionam), a tensão que poderia percorrer a narrativa acaba não funcionando, o que também se deve ao fato de nós não temermos pelos destinos dos personagens.
Enquanto isso, Channing Tatum até traz algum carisma para John, além de convencer como um herói de ação, ao passo que Jamie Foxx tem em James Sawyer o presidente que mais pegou em armas desde Harrison Ford em Força Aérea Um, e diverte por causa disso em alguns momentos (o roteiro ainda tenta tornar o personagem mais vulnerável ao incluir o detalhe de ele ser claustrofóbico, o que não acrescenta muita coisa considerando que depois ele encara lugares fechados sem maiores problemas). Já Maggie Gyllenhaal faz sua Carol Finnerty ser a pessoa mais confiável do lado de fora da Casa Branca, enquanto que Joey King encarna Emily como uma criança aborrecida durante a maior parte do tempo. E James Woods e Jason Clarke fazem o que podem com Martin Walker e Emil Stenz, respectivamente.
Quando O Ataque chega ao final de sua história, resta concluir que 2013 definitivamente não foi um ano muito bom para quem quis fazer filmes em que terroristas invadem a residência do presidente americano. Acho que teria sido melhor se tivessem deixado o local em paz.
Cotação:

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