terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Blackfish: Fúria Animal

O parque aquático SeaWorld é famoso pelos grandes shows que realiza com orcas e outros animais, mostrando-os executando uma série de exercícios ao lado de seus treinadores. À primeira vista, são eventos absolutamente deslumbrantes, em que os animais parecem não só estar se divertindo com o que fazem como também gostando de maravilhar a plateia com suas habilidades. No entanto, essa impressão é totalmente equivocada, porque os espetáculos podem até ser divertidos para nós, mas são verdadeiras torturas para os animais que os realizam, e é isso que o documentário Blackfish: Fúria Animal busca expor.

Blackfish se concentra basicamente na orca Tilikum, que em 2010 foi responsável pela morte da experiente treinadora Dawn Brancheau. A partir disso, o documentário conta a história da baleia desde sua captura em 1983. À medida que o filme vai desenvolvendo o foco de sua narrativa, é difícil não se sentir irritado com o modo como Tilikum vive na SeaWorld, já que o que se vê é um exemplo inacreditável de crueldade e negligência por parte dos responsáveis pelo parque.
Através de imagens de arquivo e depoimentos de pesquisadores e pessoas que já foram ligadas a SeaWorld (o que inclui vários ex-treinadores do local), a diretora Gabrielle Cowperthwaite conta 30 anos da história de Tilikum de forma bastante fluída e completa, abordando os principais eventos de sua vida, ao mesmo tempo em que mostra como ele e outros animais são tratados. Nisso, vemos que o comportamento agressivo que Tilikum exibe em determinados momentos é resultado do fato de ter sido afastado de seu habitat natural com apenas dois anos de idade (por sinal, é uma cena desoladora, em que presenciamos as orcas sendo separadas de seus filhotes), passando então a viver em cativeiro para o resto de sua vida – em circunstâncias deploráveis na maior parte do tempo, tendo ainda uma existência rotineira. São situações que não fazem parte de sua natureza e acarretam um nível de estresse absurdo. Dessa forma, é lógico que iria responder a esse tratamento de forma violenta em algum momento. O resultado pode ser visto tanto na morte de Dawn Breacheau quanto nas de outras duas pessoas na década de 1990. Sendo assim, o documentário revela que nessas tragédias Tilikum foi apenas a munição de uma arma cujo gatilho foi puxado pelo próprio parque aquático.
Mas o descaso dos responsáveis pela atração não para por aí. Os treinadores, por exemplo, são muito desinformados com relação aos animais que estão cuidando. Ou seja, por melhor que tratem Tilikum e as outras orcas e estes aparentem uma doçura cativante, eles ainda ficam a mercê do comportamento por vezes violento delas, o que pode pegá-los totalmente de surpresa. Nesse sentido, o filme traz uma cena absolutamente angustiante no momento em que Kasatka, outra orca na mesma condição, se prende ao pé de um treinador e quase o afoga.
Tematicamente similar a The Cove, filme que levou o Oscar de Melhor Documentário em 2010, Blackfish: Fúria Animal é um retrato revoltante dos terríveis atos cometidos contra animais em cativeiro. E é lamentável saber que essas coisas continuam acontecendo mesmo após os absurdos expostos em filmes como esses.
Nota:

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