segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Machete Mata

Partindo de um trailer falso que acompanhou os filmes Planeta Terror e À Prova de Morte, que por sua vez formavam o projeto Grindhouse, de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, Machete foi uma ideia interessante, mas desperdiçada em uma produção que pouco fazia rir, apesar de contar com o carisma de seu protagonista interpretado por Danny Trejo. O personagem agora retorna em uma nova aventura nessa continuação, Machete Mata, que já havia sido prometida por Robert Rodriguez ao final do filme anterior. Mas o que vemos agora é um verdadeiro desastre.

Escrito por Kyle Ward e com argumento de Robert Rodriguez e seu irmão Marcel Rodriguez, Machete Mata traz o protagonista e sua parceira Sartana (Jessica Alba) em uma missão na qual matam vários indivíduos que faziam parte de uma transação de tráfico de armas. No entanto, ela é assassinada pelo líder de um dos grupos envolvidos, o que faz Machete querer vingança. Ele é convocado por Rathcock (Charlie Sheen), o presidente dos Estados Unidos, para uma missão onde deve capturar e matar Marcos Mendez (Demián Bichir), que ameaça jogar um míssil nuclear em Washington. Mas Machete descobre que o míssil será acionado se Mendez morrer, obrigando-o a ir atrás do fabricante Luther Voz (Mel Gibson) para desarmar a arma. Mal sabe ele que ainda poderá aproveitar para realizar sua vingança.

Voltando a impor um estilo mais trash na condução do longa, Robert Rodriguez tenta levar Machete Mata por um caminho mais cômico, buscando não se levar tão a sério. O problema é todas as tentativas de humor do filme falham miseravelmente, rendendo momentos constrangedores, como quando a Madame Desdemona (Sofía Vergara) usa armas que aproveitam seus atributos físicos. Além disso, mesmo pra algo trash, Rodriguez filma tudo de maneira bastante displicente, sendo que ele subestima constantemente a inteligência do espectador ao achar que qualquer espirro de sangue ou frase de efeito fará o publico rir. As cenas de ação, por exemplo, contam com a violência cartunesca típica do diretor, com tiros que explodem os corpos de várias figuras que aparecem na tela, mas além de elas terem um ritmo envolvente ainda ficam cansativas depois de um tempo. Rodriguez também chega a aparentar um pouco de falta de criatividade ao trazer o protagonista fazendo algo surreal com os intestinos de um capanga, lembrando muito uma cena do filme anterior.

Para azar de Machete Mata, nem o carisma de Danny Trejo dá as caras para tornar as coisas mais suportáveis. Aqui, Trejo surge no piloto automático na maior parte do filme, e também é obrigado a dizer falas como “Machete não tweeta”, “Machete não falha”, “Machete não brinca”, que devem funcionar maravilhosamente bem no roteiro, mas no filme não só aparecem sem a menor graça como ainda são repetitivas. Enquanto isso, o talentoso Demián Bichir investe numa caracterização excêntrica interpretando Marcos Mendez e suas várias personalidades, mas só isso não é o suficiente para tornar o personagem uma figura divertida. E se a ideia de trazer Charlie Sheen (um cara que parece ter enlouquecido nos últimos anos) no papel de presidente dos Estados Unidos é uma sacada curiosa, na prática acaba não funcionando tão bem quanto poderia, ao passo que Mel Gibson (outro ator que ficou em baixa depois de algumas polêmicas) encarna Luther Voz com energia, mas o personagem em si não é muito interessante, sendo até meio ridículo com seu “grande” poder de déjà vu.

Depois de ver Machete Mata, resta esperar que Robert Rodriguez não aproveite o gancho deixado ao final da história e resolva fazer um terceiro capítulo protagonizado por Machete, o que transformaria em filme o trailer falso é exibido logo no início. Esta continuação já foi torturante o bastante.

Nota:

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