segunda-feira, 6 de abril de 2015

Velozes & Furiosos 7

Como sempre falo, não sou fã de Velozes & Furiosos, sendo esta uma franquia bastante irregular mesmo depois de ter mudado sua fórmula nos últimos anos. Sim, alguns de seus filmes conseguem divertir moderadamente, como é o caso do quinto exemplar, ambientado no Brasil. Mas é uma série que a qualquer momento pode representar um entretenimento desastroso, como foi em seu segundo filme (o pior de todos). Dito isso, se Velozes & Furiosos 6 foi uma aventura no máximo medíocre, a franquia volta a divertir neste sétimo capítulo, que lamentavelmente chega aos cinemas sob a sombra da morte precoce de Paul Walker, tentando então fazer jus a um de seus grandes astros naquele que é o último trabalho dele. E claro que aqui “fazer jus” significa colocar no filme tudo o que a franquia passou a oferecer recentemente, mas numa escala mais grandiosa.

Escrito pelo mesmo Chris Morgan que está na posição de roteirista da série desde o terceiro filme, Velozes & Furiosos 7 pega o gancho do final do capítulo anterior, que mostrou que o vilão Owen Shaw (Luke Evans) tem um irmão mais velho, Deckard (Jason Statham), que ao ver o caçula numa cama de hospital jura vingança a Dom Toretto (Vin Diesel), Brian O’Conner (Walker) e companhia. Eles, por sua vez, estão em paz pela primeira vez em muito tempo, tendo finalmente voltado para casa. Mas depois que Deckard elimina Han (Sung Kang) em Tóquio e deixa o agente Hobbs (Dwayne Johnson) fora de combate, Dom junta forças com o oficial do governo Sr. Ninguém (Kurt Russell), levando sua equipe a missões que podem ajudá-los a localizar Shaw, que fica em seu encalço constantemente.

Como é de costume na série, Velozes & Furiosos 7 tem um fiapo de história, de forma que se o roteiro se concentrasse apenas na trama principal envolvendo Deckard Shaw, o filme não teria uma duração das mais longas. Sendo assim, Chris Morgan insere subtramas pouco interessantes e até clichês que quase fazem o filme perder o foco, enrolando a história, trazendo personagens que não fariam muita falta caso fossem cortados (como o terrorista vivido por Djimon Hounson) e deixando o filme bem inchado. É uma jogada do roteiro que soa bastante forçada, tendo como objetivo claro aumentar a escala do projeto e servir como desculpa para as várias cenas de ação que ocorrem durante a projeção. Na verdade, o fato de o filme se dar ao luxo de trazer nomes conhecidos por seu lado badass, como Ronda Rousey e Tony Jaa, apenas para lutarem em cena é prova de que os realizadores não ligam para nada a não ser às pancadarias e perseguições que vemos na tela.

Em meio a isso, o diretor James Wan se vê tendo que deixar de lado os traços que o tornaram conhecido em filmes de terror (é ele o responsável por Jogos Mortais e pelo ótimo Invocação do Mal), abraçando o estilo e o absurdo da série sem medo algum. Dessa forma, como já vimos em outros exemplares de Velozes & Furiosos, constantemente vemos os personagens realizarem peripécias inimagináveis, desafiando as leis da física (como quando eles saltam de um avião com os carros) e se revelando figuras sobre-humanas, ideia com a qual o cineasta até brinca pela maneira como Hobbs quebra um gesso em uma das cenas mais engraçadas do filme. Claro que em determinados momentos Wan falha ao não conseguir deixar a ação compreensível, e o tiroteio que ocorre no fim do segundo ato beira o desastre nesse sentido, mas seu trabalho é eficiente na maior parte do tempo, com a ação mostrando-se apropriadamente eletrizante e até divertida.

Enquanto isso, se Vin Diesel, Paul Walker, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson (que novamente é um péssimo alívio cômico) e Ludacris não chegam a tornar seus personagens muito cativantes quando vistos individualmente, isso muda um pouco quando os vemos como uma unidade familiar. Por esse lado, a dinâmica entre todos é interessante por mostrar o quanto eles se importam uns com os outros. Já Dwayne Johnson vira quase um figurante de luxo que tem seus músculos mais uma vez explorados sempre que possível, ao passo que Jason Statham faz o que faz melhor: usa sua persona de cara durão e carrancudo ao encarnar Deckard Shaw, com a única diferença de ele ser o vilão da história. E Kurt Russell se destaca por claramente se divertir no papel do Sr. Ninguém, personagem que parece ter saído direto da franquia Missão Impossível.

Velozes & Furiosos 7 pode não fazer nada de diferente dentro da franquia, trazendo mais do mesmo e seguindo à risca a fórmula que foi estabelecida para esses filmes. Mas mesmo assim funciona melhor do que boa parte dos exemplares dessa série que parece não saber a hora de pisar no freio.

Obs.: A homenagem a Paul Walker no final ficou bacana.

Nota:

Nenhum comentário: