sábado, 30 de maio de 2015

O Que Fazemos nas Sombras


O Que Fazemos nas Sombras é uma espécie de Keeping Up With the Kardashians com vampiros. Usando o formato mockumentary para realizar algo que podemos considerar como um reality show com as criaturas da noite, o filme dirigido por Jemaine Clement e Taika Waititi explora de maneira inventiva e divertida essas figuras. Basicamente, esta comédia está para os vampiros da mesma forma que o genial Isto é Spinal Tap está para as bandas de rock.


O Que Fazemos nas Sombras apresenta os vampiros Viago (Waititi), Vladislav (Clement), Deacon (Jonathan Brugh) e Petyr (Ben Fransham), que convivem juntos em um castelo, enfrentando as dificuldades da vida, sejam estas quem será o responsável por lavar a louça ou como conseguirão “se alimentar” sem fazer uma grande sujeira na residência. Uma equipe de filmagem (com crucifixos nas câmeras, porque todo cuidado é pouco) os acompanha nessa rotina, que ganha alguns incômodos quando arranjam em Nick (Cori Conzalez-Macuer) um novo colega com quem dividir o castelo.
Como o próprio título indica, o filme busca jogar uma luz (à sua própria maneira, é claro) na existência dentro do submundo vampiresco, em que os personagens principais tem um modo de vida cheio de particularidades, e na forma como isso se choca com o cotidiano dos humanos. Aliás, não seria surpresa se Clement e Waititi tivessem tido a ideia do filme ao pensarem no jeito com que os vampiros se encaixariam no nosso mundo, somando o modo como eles próprios lidariam com isso, já que os tempos estão em constante mudança, principalmente nas últimas décadas. Se vampiros precisam ser convidados para entrar nos lugares, como eles entrariam em uma boate? Como sabem que estão se vestindo bem para os padrões atuais se não têm um reflexo no espelho para olhar?
A partir destes tipos de detalhes, o filme vai construindo um humor muito eficiente, que brinca com a mitologia dos vampiros e leva constantemente o espectador ao riso. Algumas das boas sacadas do roteiro são uma briga de morcegos ou quando mostra lados bons e ruins de ser vampiro, bolando em meio a isso diálogos inspirados (“Cansei de ser vampiro. É uma droga. Não acreditem no hype”, declara Nick em determinado momento). Contribui também o fato dos personagens, além de serem carismáticos e terem uma boa dinâmica, se revelarem absolutamente hilários, desde Viago e seu jeito excêntrico em sua timidez até Petyr, que apesar de não ter um único diálogo e ser um cara parado, é muito bem utilizado pelo roteiro. Além disso, por Clement e Waititi montarem o filme como um “documentário”, os diálogos expositivos não incomodam, soando até naturais na narrativa e cruciais para estabelecerem os personagens.
Contando ainda com um tom bastante descontraído, o que pode até ser consequência da grande improvisação que ocorreu ao longo das filmagens por parte dos atores, O Que Fazemos Nas Sombras é uma grata surpresa. Um filme de vampiro que tem um bem-vindo frescor enquanto diverte com inteligência, merecendo destaque entre as comédias lançadas recentemente.
Nota:


Nenhum comentário: