quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Hitman: Agente 47

Recentemente, o Quarteto Fantástico ganhou um reboot que buscou dar nova roupagem aos heróis e contar melhor uma história que fora pobremente aproveitada na primeira investida. Mas mesmo sendo superior aos longas anteriores dos personagens, o filme não empolgou, representando mais um desperdício do potencial da equipe de heróis. Pois o mesmo pode ser dito sobre Hitman. Levado aos cinemas pela primeira vez no desastroso Hitman: Assassino 47, o jogo de videogame aperta o botão “reset” em sua história no cinema neste Hitman: Agente 47, que infelizmente não apresenta um avanço significativo se comparado com seu antecessor.

Escrito por Michael Finch e pelo mesmo Skip Woods do primeiro filme (o que me faz pensar que os produtores são loucos por terem decidido repetir a parceria), o reboot coloca o personagem-título (dessa vez interpretado por Rupert Friend) atrás de Katia van Dees (Hannah Ware), considerada a única pessoa capaz de encontrar o pai desaparecido, Dr. Litvenko (Ciarán Hinds), cientista que criou o programa que gerou figuras como o protagonista, ou seja, seres geneticamente modificados que trabalham como assassinos profissionais. 47 precisa encontrar Katia antes da organização comandada por Antoine Le Clerq (Thomas Kretschmann), já que este pretende usar o pai dela para criar novos e aprimorados assassinos.

A trama é uma bobagem desenvolvida de maneira óbvia e conveniente pelo roteiro (há dois momentos em que vemos personagens só baterem o olho em um mapa e já localizarem uns aos outros), e nem as reviravoltas surpreendem. É algo que acaba servindo mais para que o filme tenha um palco para as cenas de ação. Nisso, o roteiro até se esforça um pouco para lembrar seu material de origem, utilizando ao máximo as habilidades de 47, que constantemente se adianta aos passos dos adversários, o que justifica sua capacidade de discrição. Mas o diretor estreante Aleksander Bach não chega a utilizar isso para criar algum momento que mereça destaque, sendo que ele parece mais preocupado com a estilização do filme do que com o conteúdo. Além disso, pontualmente podemos ver claramente que os atores são substituídos por bonecos digitais e que explosões e espirros de sangue foram feitos por computador, tirando qualquer peso que as cenas poderiam ter.

Já em relação aos personagens, o filme até aparenta querer explorar a humanidade de 47 e Katia. Esta última, aliás, não consegue viver uma existência normal, e Aleksander Bach faz questão de mostrar isso ao trazê-la em determinado momento isolada em um trem olhando para pessoas felizes em suas respectivas vidas. Mas esse é um aspecto tratado superficialmente, não ajudando os personagens a serem interessantes. Em meio a isso, Rupert Friend faz o possível para trazer alguma credibilidade a 47, se saindo levemente melhor do que Timothy Olyphant, seu antecessor no papel, ao passo que Hannah Ware surge pouco expressiva como Katia, e a dinâmica entre os dois atores é quase inexistente. E se Thomas Kretschmann aparece pela segunda vez no ano interpretando um vilão que praticamente não faz nada (o ator esteve ainda em Vingadores 2), Zachary Quinto tem em John Smith uma figura que quer ser uma espécie de T-1000, mas que se mostra ridículo com suas motivações tolas.

Assim como o longa anterior, Hitman: Agente 47 é um filme de ação que, por mais que se esforce (se é que podemos dizer isso), não consegue ser minimamente aceitável, resultando em uma produção genérica e facilmente esquecível. Dessa forma, é inevitável pensar que é muito melhor encarnar o Agente 47 no jogo. Ao menos nessa mídia as missões do personagem são entretenimentos bacanas.

Obs.: Há uma breve cena pouco depois do início dos créditos finais.

Nota:

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