quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Missão: Impossível 2

(Crítica originalmente publicada no Papo de Cinema)

Algo notável na franquia Missão: Impossível é o fato de cada um de seus filmes contarem com diretores que conseguem encaixar seu estilo na proposta da série, que não tem uma fórmula narrativa pronta para ser seguida pelos realizadores. Levando isso em conta, a diferença mais gritante entre os longas da franquia pode ser vista entre o ótimo primeiro exemplar, dirigido por Brian De Palma, e este Missão: Impossível 2, que teve John Woo no comando. Enquanto De Palma fez um thriller de espionagem um pouco mais contido (mas não menos interessante), Woo conduz uma narrativa com uma boa dose de adrenalina, em uma trama que desde o início se assume como uma obra de ação propriamente dita.

Escrito por Robert Towne a partir do argumento de Ronald D. Moore e Brannon Braga, Missão: Impossível 2 traz o agente Ethan Hunt (Tom Cruise) em uma missão que o coloca contra um ex-colega, Sean Ambrose (Dougray Scott), que está em busca de um vírus chamado Quimera, capaz de matar uma pessoa em pouco mais de um dia. A missão do agente e sua equipe, então, é localizar e destruir o vírus antes que Sean arme uma catástrofe. Para isso, Ethan precisa da ajuda da ex-namorada de Sean, a ladra Nyah Nordoff-Hall (Thandie Newton), com quem se envolve emocionalmente.
Comparado com Missão: Impossível, que contava uma história bem mais elaborada, Missão: Impossível 2 tem em mãos um enredo bastante simples, o que acaba sendo seu ponto fraco. Desenvolvida de maneira convencional, a história peca em seu esforço em ser intrigante sem fugir do óbvio, o que fica evidente quando o filme perde suas forças sempre que precisa se concentrar nas muitas reviravoltas (a maioria envolvendo as famosas máscaras, que são marcas registradas da série), resultando em problemas de ritmo. Além disso, para se certificar de que o espectador está a par do que acontece na tela, o roteiro ainda apela demais para diálogos expositivos, o que incomoda em determinados momentos, como por exemplo quando Ethan põe em prática seu plano para completar a missão, mas com o vilão explicando passo a passo o que ele está fazendo.
Mas, para a sorte do filme, a história serve como base para as sequências de ação criadas por John Woo, e nesse quesito só resta tirar o chapéu para o diretor. Tendo liberdade para usar as marcas conhecidas de seu trabalho, como o slow motion, pombas e personagens segurando uma arma em cada mão na hora da ação, Woo elabora cenas eletrizantes e muito bem coreografadas, sejam perseguições, tiroteios, lutas corpo a corpo ou uma mera escalada sem equipamentos por uma montanha. O terceiro ato, em particular, é de tirar o fôlego quando vemos os esforços finais de Ethan para acabar com os planos de Sean. No meio disso tudo, é claro que ter um ator como Tom Cruise no centro da narrativa é uma vantagem, já que ele não só é um intérprete carismático, mas também traz sua intensidade habitual como herói no gênero, dando credibilidade tanto para seu personagem quanto para seus atos.
Missão: Impossível 2 pode ser o longa mais fraco da franquia até agora. Mas, mesmo com seus inegáveis problemas, até ele revela ser um filme eficaz naquilo que se propõe. E isso prova a admirável eficiência que a série tem mostrado desde que resolveu levar para o cinema o programa de TV criado por Bruce Geller nos anos 1960, produzindo blockbusters que tem merecido a confiança do público.
Nota:


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