quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Malala

(Crítica originalmente publicada no Papo de Cinema)
Em um mundo habitado por bilhões de pessoas, são poucas àquelas que se destacam mundialmente por sua humanidade, lutando por algo que tire um pouco das trevas existentes por aqui. A paquistanesa Malala Yousafzai é uma delas. Mais jovem detentora do Prêmio Nobel, a garota de 18 anos encara uma missão para que todos tenham acesso à educação, além de lutar pelos direitos das mulheres de sua terra-natal, no Vale de Swat, que chegam a ser banidas das escolas graças à opressão que lhes é imposta. Mesmo tendo sofrido um atentado que quase tirou sua vida, em 2012, Malala não abriu mão de seus ideais (repito, ela tem apenas 18 anos). É uma figura obviamente fascinante, e grande parte da eficiência deste documentário Malala, dirigido por Davis Guggenheim (o mesmo de Uma Verdade Inconveniente), se deve exatamente a ela.
Ao longo do filme, o diretor acompanha Malala em viagens a vários países, onde ela divulga a causa que defende e inspira uma série de pessoas, além de mostrar o dia-a-dia dela com a família. A partir disso, Guggenheim conta a história de vida da garota, promovendo um retrato bastante completo. Não demora muito para que ele estabeleça que, por mais que estejamos falando de uma jovem de maturidade exorbitante, ainda assim trata-se obviamente de uma pessoa comum, graciosa e bem humorada, que tem responsabilidades teoricamente normais para alguém de sua idade. Estudar para as provas finais da escola talvez seja o maior exemplo disso (afinal, é preciso mais do que um Prêmio Nobel para ter um bom boletim).
Mas, infelizmente, não é em todos os lugares que esses compromissos escolares são vistos como parte inerente do bom senso. É aí que reside a força da luta de Malala em nome da educação como base para que todos possam crescer social e intelectualmente, algo que os ideais conservadores que regem certos países, como os do Oriente Médio, não gostariam de ver acontecer. Ao ser perguntada como sua vida seria caso seus pais fossem de acordo com a cultura local, Malala logo responde que já estaria casada e com dois filhos, mostrando o tipo de função que a mulher tem naquela sociedade. Não é seu caso, que então se vê livre para ajudar outras adolescentes como ela a terem mais oportunidades e poderem escolher o próprio caminho. Em sua visão, se ela consegue encarar de igual pra igual pessoas com o triplo de sua idade, sejam elas Jon Stewart ou o presidente de um país, então qualquer uma consegue.
Vale dizer que Malala não deixa de ser um documentário burocrático e um tanto repetitivo na forma como aborda o material que tem em mãos. Mesmo assim, a relevância da história da protagonista e de seu exemplo ganham na tela o peso que merecem. Em tempos em que a esperança na humanidade frequentemente tende a cair (e os ataques terroristas que afligiram a França recentemente são um motivo para isso), é bom constatar que figuras como Malala Yousafzai existem e estão, aos trancos e barrancos, nos ajudando a evoluir.
Nota:

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