quarta-feira, 26 de julho de 2017

Dunkirk

Apesar de focar em um evento importante da Segunda Guerra Mundial, Dunkirk é menos um filme de guerra e mais um filme de sobrevivência nos moldes de Gravidade e Até o Fim. Retratando o resgate aos soldados britânicos na cidade francesa do título, este novo filme de Christopher Nolan joga o espectador no meio do drama angustiante em que se encontram àqueles indivíduos, que tentam se salvar enquanto exércitos alemães os rodeiam constantemente. A partir disso, o diretor realiza aquele que é seu trabalho mais objetivo até agora, conseguindo contar de maneira primorosa uma história muito humana situada no caos desumano de uma guerra.

Escrito pelo próprio diretor, Dunkirk se divide em três linhas narrativas. Na primeira, situada ao longo de uma semana, o jovem Tommy (o estreante Fionn Whitehead) tenta se manter vivo ao lado de seus companheiros de batalha, esperando o resgate no molhe situado na praia da cidade. Na segunda, no período de um dia, o Sr. Dawson (Mark Rylance) atende ao chamado da Marinha e parte com seu barco para tentar resgatar quantos soldados puder, tendo o auxílio de seu filho, Peter (Tom Glynn-Carney), e do jovem empregado George (Barry Keoghan). E na terceira, que acompanha uma hora, os pilotos de caça Ferrier (Tom Hardy) e Collins (Jack Lowden) voam em combate, dando auxílio aéreo às tropas que aguardam resgate ao tentar impedir que aviões alemães realizem ataques à superfície.


Desenvolvendo o roteiro em cima desses três núcleos situados em espaços de tempo diferentes e recorrendo a diálogos apenas quando necessário, Christopher Nolan dá voz a recursos que não são nenhuma novidade em sua filmografia, concebendo uma estrutura não linear que permite que ele utilize à vontade a montagem paralela para seguir o que ocorre em cada parte da história. São coisas que talvez pudessem soar desnecessárias, tendo em vista que a trama em si não deixa de ser bastante simples, mas Nolan consegue fazer com que esses elementos resultem num filme instigante, mantendo o espectador curioso quanto ao desenrolar dos eventos e à maneira como os núcleos auxiliam uns aos outros. Com uma estrutura assim, o diretor e o montador Lee Smith merecem crédito por pularem de um ponto da trama a outro com imensa naturalidade, jamais quebrando o ritmo tenso do filme, que cresce à medida que o tempo passa e o caminho dos soldados rumo à possibilidade de salvação se torna mais estreito.

Aliás, tensão é o que definitivamente não falta em Dunkirk, já que Christopher Nolan é hábil ao explorar o drama daquelas tropas de forma que a narrativa mantenha o público constantemente inquieto. Sendo assim, o filme quase não nos permite respirar, considerando que qualquer paz encontrada pelos soldados é interrompida pouco tempo depois, seja por bombardeios inimigos ou por desavenças entre os personagens. São aspectos que acabam rendendo sequências profundamente angustiantes, como o ataque na praia logo no início, a discussão entre os soldados escondidos em um barco ou o terceiro ato envolvendo um mar repleto de óleo. Também é preciso destacar em meio a isso a trilha de Hans Zimmer, elemento que toca quase ininterruptamente durante a projeção a fim de ressaltar toda a tensão que permeia a narrativa, algo feito com maestria.


O mais curioso é que o filme conta com uma série de personagens que nunca chegam a ser desenvolvidos (alguns nem têm o nome revelado), e ainda assim ele consegue fazer com que nos importemos com eles. Isso se deve não só a situação de vulnerabilidade na qual eles se encontram (é fácil e até natural nos identificarmos com posições desse tipo), mas também porque a humanidade deles é gradualmente revelada pela maneira como eles agem naquele contexto. Está em momentos como aquele em que Tommy ajuda um aliado, ou no outro em que um personagem mente para um soldado para que este não conviva com o peso de um erro. Sem falar no fato de figuras como o Sr. Dawson e Ferrier colocarem suas vidas em risco para tentar salvar compatriotas que eles nem conhecem, fazendo apenas o que eles acreditam ser o certo. E claro que o elenco também exerce um papel importante nessa parte humana ao conseguir dar peso emocional às figuras que interpretam, desde atores iniciantes como Fionn Whitehead (a grande revelação do projeto), Tom Glynn-Carney e Harry Styles até os mais experientes e conhecidos como Mark Rylance, Kenneth Branagh, Cillian Murphy e Tom Hardy.

Dunkirk não se trata de um longa ambicioso ou de escala épica a exemplo de outros trabalhos de Christopher Nolan (A Origem, Interestelar e a trilogia do Cavaleiro das Trevas são as obras mais evidentes nesse sentido). Mas é um relato poderoso sobre um evento marcante do maior conflito bélico da História, se estabelecendo assim como um dos melhores filmes de seu diretor e, certamente, como um dos melhores do ano.


Nota:

Em Ritmo de Fuga

Tendo começado a chamar a atenção a partir do excelente Todo Mundo Quase Morto, Edgar Wright desde então tem se mostrado um realizador com talento para divertir o público com suas narrativas, nos conquistando com inteligência e, por vezes, sabendo brincar até com a própria linguagem cinematográfica. Em Ritmo de Fuga, seu mais novo filme, segue essa linha com naturalidade, de forma que Wright leva apenas alguns minutos para conquistar o espectador não só com a diversão que proporciona, mas também com a precisão técnica com a qual a realiza.

Escrito pelo próprio Edgar Wright, Em Ritmo de Fuga acompanha o jovem Baby (Ansel Elgort), piloto de fugas que tem o hábito de ouvir músicas quase o tempo todo. Devido a uma dívida, ele é sempre chamado por Doc (Kevin Spacey) para ajudar ele e sua equipe de ladrões nos roubos que planejam. Mas após conhecer Debora (Lily James), Baby se preocupa mais do que nunca com a possibilidade de sua vida pessoal se misturar com a profissional, o que pode colocar em perigo as pessoas com as quais ele se importa.


Em Ritmo de Fuga não demora para revelar ser uma espécie de irmão de obras como Caçador de Morte (dirigido por Walter Hill em 1978) e Drive (para citar um exemplo relativamente recente), com a diferença de que aqui Edgar Wright se distancia da seriedade e da melancolia daqueles longas. Sendo assim, logo ao abrir a projeção o diretor traz uma sequência de perseguição insana e divertida que se coloca desde já entre os grandes momentos do cinema em 2017, apresentando ali as habilidades de seu protagonista, que faz coisas inacreditáveis com um carro. Mas mais do que o talento de Baby, as perseguições que pontuam a narrativa exibem a segurança de Wright como diretor de ação. Mesmo com todas as manobras feitas com os veículos, o cineasta nunca deixa o espectador desorientado em cena, conseguindo estabelecer a organização espacial sempre de maneira clara, além de injetar energia às sequências sem precisar recorrer a uma montagem repleta de cortes rápidos, o que também ajuda a manter o espectador envolvido durante a maior parte do tempo.

Tal energia também ganha auxílio da fantástica seleção musical, que se torna um elemento importante não só do protagonista, mas também da própria narrativa como um todo, inevitavelmente lembrando o que James Gunn faz em Guardiões da Galáxia. Aqui, o que é apresentado na tela entra em perfeita sincronia com canções como “Bellbottoms”, “Harlem Shuffle” e “Brighton Rock”, que embalam a trama de maneira cativante. Para completar, é impossível não citar momentos onde Edgar Wright tem sacadas técnicas e visuais inspiradíssimas, que ajudam na construção de uma narrativa ágil e divertida. Isso inclui desde o plano-sequência nos créditos iniciais até as elipses que acompanham Baby em um novo emprego, passando por raccords (cortes que mantém continuidade entre um plano e outro) como aquele em que pulamos de um copo de café para um botão de elevador ou o outro que sai de um estacionamento para um ferro velho.


Enquanto isso, apesar de ser um ator um tanto inexpressivo, Ansel Elgort revela-se um protagonista carismático o bastante para que o espectador se identifique com Baby, fazendo do personagem uma espécie de mistura do Motorista (interpretado por Ryan O’Neal em Caçador de Morte) e Scott Pilgrim, tendo as habilidades do primeiro e a vivacidade do segundo. Além disso, Elgort tem uma ótima dinâmica tanto com Lily James e quanto com CJ Jones (que interpreta Joseph, o pai adotivo e surdo de Baby), que conquistam o espectador e formam com o protagonista um núcleo emocional essencial para que nos importemos com eles. E se digo essencial é porque grandes atores como Kevin Spacey, Jamie Foxx e Jon Hamm conseguem fazer com que Doc, Bats e Buddy não sejam meras caricaturas vilanescas, se apresentando como ameaças palpáveis e gerando tensão a partir de qualquer passo em falso de Baby.

Em Ritmo de Fuga é o tipo de filme que faz o espectador sair da sala de cinema contagiado com sua energia e diversão. Somando-o aos outros belos trabalhos de Edgar Wright, o longa ainda ajuda a estabelecê-lo como um diretor cuja força criativa é cada vez mais admirável.


Nota:

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Transformers: O Último Cavaleiro

Transformers é uma franquia impressionante, mas pelos motivos errados. Apesar de já estar completando dez anos nos cinemas, a única coisa memorável que ela tem conseguido mostrar com seus filmes é a estupidez profunda que os permeia, sendo até ofensivo acompanhar o quanto eles subestimam a inteligência do público, como se este fosse tão estúpido quanto. E o diretor Michael Bay e sua equipe pelo visto sentem prazer em abordar o material dessa forma, trazendo sempre a mesma fórmula. Sendo assim, não é surpresa alguma constatar que este Transformers: O Último Cavaleiro, o quinto exemplar da série, simplesmente é mais do mesmo. Ou seja, uma longa tortura.

Assim como seus antecessores, Transformers 5 já começa jogando no lixo qualquer coerência envolvendo a linha temporal da série, revelando que os robôs alienígenas tiveram participação até nas batalhas da Inglaterra nos anos 400, quando formaram uma aliança com o Rei Arthur, Lancelot e Merlin. Já nos tempos atuais, Cade Yeager (Mark Wahlberg) continua sendo um fiel aliado dos Autobots e, após um confronto no qual passa a ter a ajuda da jovem Izabella (Isabela Moner), se vê em posse de um importante talismã referente àqueles velhos tempos da história, objeto que chama a atenção tanto dos maléficos Decepticons quanto do historiador Edmund Burton (Anthony Hopkins). Enquanto isso, Optimus Prime ainda está em busca de seus criadores, se deparando com Quintessa, entidade que conspira destruir a Terra para restaurar Cybertron, o lar dos Transformers.


O que Transformers 5 apresenta ao longo da projeção é simplesmente ridículo, e o mais triste é que Michael Bay parece não perceber isso ou só não se importa, levando a sério o material que tem em mãos e despejando uma série de idiotices no espectador à medida que avançamos na trama. Isso vai desde as ligações antigas dos Transformers com os humanos (é risível que alguém tenha achado que envolver Merlin e Rei Arthur foi uma boa ideia) até a subtrama romântica óbvia e forçada entre Cade e a professora Viviane Wembly (Laura Haddock), passando por cenas constrangedoras como aquela em que o protagonista é questionado por não fazer sexo há algum tempo.

Aliás, o desenvolvimento da trama (se é que podemos chama-la desse jeito) é uma bagunça tremenda, trazendo diálogos pavorosamente expositivos. Logo no início, por exemplo, temos uma narração que trata de estabelecer os principais pontos que acompanharemos, denotando a preguiça dos roteiristas em apostar num desenrolar mais orgânico (não à toa ela é descartada após cumprir seu papel), ao passo que em outros momentos vemos os personagens falando detalhadamente o que irão fazer. E nem sei o que dizer sobre cenas como aquela em que Merlin está claramente bêbado e diz “Deus! Estou embriagado!”. Além disso, o filme traz vários personagens e núcleos narrativos, mas os desenvolve tropegamente, sendo que alguns (como a participação do Agente Simmons, interpretado por John Turturro) poderiam muito bem ter sido cortados para encurtar o desastre.


Mas talvez eu esteja exigindo muito ao querer que Michael Bay conceba algo minimamente consistente nesses aspectos, já que tudo isso pode ser apenas uma desculpa para que se tenha um palco para as sequências de ação. No entanto, de nada isso adianta quando o cineasta basicamente é o rei de criar um verdadeiro caos visual em cena, com rápidos movimentos de câmera e uma montagem picotada que tornam a ação simplesmente incompreensível e entediante, de forma que é inacreditável que tenham sido necessários seis montadores para as coisas ficarem desse jeito. Para completar, o filme não conta com um único personagem com o qual possamos nos importar, já que todos não passam de figuras unidimensionais que desperdiçam o talento de atores como Mark Wahlberg e Anthony Hopkins. Assim, a narrativa não tem peso algum em meio a suas enormes explosões (marcas registradas de Michael Bay), que no fim são apenas sinais da bomba que o filme realmente é.

Há um momento genuinamente engraçado em Transformers 5, quando Michael Bay usa o Transformer-mordomo de Edmund Burton para fazer uma brincadeira com a trilha do filme. Mas essa rara sacada divertida dura meros segundos, não fazendo com que o resto das duas horas e meia de projeção sejam suportáveis ou passem mais rápido. A verdade é que estamos falando de um longa que só existe por conta de seu apelo comercial, porque como narrativa ele apenas estende uma franquia sofrível, que parece determinada a fazer com que cada um de seus exemplares seja um atentado a arte cinematográfica.

Nota:

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Apresentada em Capitão América: Guerra Civil, a nova versão do Homem-Aranha nos cinemas (a terceira depois daquelas de Tobey Maguire e Andrew Garfield) mostrou ser uma figura divertida e cheia de energia, estabelecendo-se como um elemento de destaque naquele ótimo longa lotado de super-heróis. Diversão, aliás, é a palavra-chave deste Homem-Aranha: De Volta ao Lar, novo filme-solo do personagem e que traz uma narrativa disposta a fazer jus ao que o herói apresentou naquela breve participação, conseguindo ser uma produção que entretém o espectador imensamente durante toda a projeção.

Com um roteiro que passou pelas mãos de três duplas de roteiristas, Homem-Aranha: De Volta ao Lar retoma a história do jovem Peter Parker (Tom Holland) alguns meses depois de ele ter se metido na briga que os Vingadores tiveram entre si, tentando lidar tanto com sua vida escolar e pessoal quanto com a vida de herói. Nisso, ele se esforça ao máximo para provar seu valor a Tony Stark (Robert Downey Jr.), que o mantém sob sua supervisão. É então que Peter se depara com a ameaça de Adrian Toomes (Michael Keaton), também conhecido como Abutre, que ao lado de sua gangue tem usado utensílios alienígenas da Batalha de Nova York (vista no primeiro Os Vingadores) para cometer crimes.


Assim é colocado nos trilhos um filme que desde o início busca explorar as melhores qualidades de seu protagonista, desde seu senso de humor até sua empolgação juvenil, detalhes que já se estabelecem logo no começo quando vemos um breve documentário que o próprio personagem realizou com seu celular, trazendo sua visão dos acontecimentos em Guerra Civil de maneira muito divertida. E enquanto esses elementos são bem utilizados para criar uma narrativa leve e que rende vários risos, o diretor Jon Watts não esquece de desenvolver a humanidade de Peter Parker, mostrando que ele é um adolescente que está passando por questões comuns do período (seja a vida escolar e seus compromissos ou até o interesse amoroso não correspondido), sendo difícil não notar também a atenção dada a própria humildade do rapaz, que ainda anda de ônibus, frequenta a lojinha da esquina e mora em um apartamento pequeno com sua tia May (Marisa Tomei), figura que ele se esforça para não preocupar. São detalhes pequenos, mas que ajudam o espectador a se aproximar do personagem, além de diferencia-lo bastante da maior parte dos outros heróis do universo do qual faz  parte.


No entanto, se por um lado Jon Watts acerta em cheio no tom da narrativa, na energia que a permeia e no próprio timing das piadas que vão surgindo ao longo do caminho, por outro ele não chega a conduzir cenas de ação particularmente empolgantes. É indubitavelmente divertido ver o Homem-Aranha em ação e Watts até se esforça para criar grandes momentos nesse aspecto (a sequência do elevador em Washington e a outra envolvendo uma barca são as principais), mas é um pouco decepcionante que o diretor aposte na cartilha da montagem picotada e dos rápidos movimentos de câmera, de forma que o resultado na tela acaba sendo confuso, principalmente quando as cenas são situadas à noite, já que a escuridão se torna mais um obstáculo para a compreensão do que está acontecendo. E se digo isso tendo assistido a cópia 2D do filme, imagino que a 3D piore tudo. Por sorte isso não chega a prejudicar gravemente a narrativa, que ainda consegue manter o espectador envolvido com a história e seus personagens durante a maior parte do tempo.


Falando nos personagens, vale dizer que o elenco talentoso faz um belo trabalho com eles. A começar por Tom Holland, que encarna Peter Parker com um carisma impressionante ao mesmo tempo em que mostra como o rapaz simplesmente adora ser o Homem-Aranha, encarando com gosto qualquer tipo de altruísmo que possa exercer, por mais que ainda tenha muito a aprender. O ator também tem uma ótima dinâmica tanto com o expressivo Jacob Batalon (que interpreta Ned, o melhor amigo de Peter) quanto com Jon Favreau (de volta ao papel de Happy Hogan dos longas do Homem de Ferro) e Robert Downey Jr. Este último, por sinal, nunca tenta roubar o filme para si com suas pontuais aparições (que em determinados momentos são verdadeiros deus ex machina). Aqui, Tony Stark assume um natural papel de mentor, mostrando-se genuinamente preocupado em fazer de Peter um super-herói melhor que ele. E se Marisa Tomei tem uma presença simpática e vivaz como a tia May, apesar de não ter muito espaço para desenvolvê-la (tomara que isso seja corrigido futuramente), Michael Keaton cria em Adrian Toomes um vilão que já se coloca entre os melhores desse universo da Marvel, se destacando não tanto pela ameaça que representa, mas sim por ter motivações plenamente compreensíveis e surpreendentemente dignas, revelando-se um indivíduo que se revolta por ver os poderosos sempre jogando os menos afortunados para baixo e que quer cuidar de sua família de qualquer jeito.

Este novo Homem-Aranha dos cinemas encanta o público com certa facilidade. Até por isso é bom vê-lo render um filme eficiente como este Homem-Aranha: De Volta ao Lar, que aproveita admiravelmente o potencial do personagem que tem em mãos e já nos deixa curiosos quanto a suas futuras aventuras.

Obs.: Há cenas durante e depois dos créditos finais.

Nota: